Recentemente, um corretor de imóveis do município de Maracaju (MS) publicou em suas redes sociais que, a partir de 2025, não atenderá mais clientes que se declarem petistas. A declaração, revelada em apuração do site Campo Grande News, rapidamente ganhou repercussão e dividiu opiniões em uma cidade de cerca de 45 mil habitantes.
De acordo com o corretor Aurismar Franco, o estopim para a postagem foi o desgaste com o aumento de impostos aplicados pelo Governo Federal, que teria prejudicado diretamente as transações de compra e venda de imóveis. Ele garante não ter arrependimento da declaração e afirma que “não quer o mal perto de mim”, em referência a quem apoia a esquerda. Por outro lado, parte da população local, incluindo lideranças ligadas ao PT, sentiu-se ofendida e cogita formalizar denúncia ao Creci-MS (Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul).
O caso levanta diversos questionamentos sobre posicionamento político e negócios. Em um mundo cada vez mais polarizado, estratégias de marketing que envolvem política podem trazer repercussões intensas — sejam positivas, em forma de visibilidade e engajamento, ou negativas, na perda de potenciais clientes.
“Pra tudo na vida, esta decisão tem ônus e tem bônus”, diz Diego Maia, o palestrante de vendas mais contratado do Brasil, em uma de suas reflexões sobre estratégias de negócio.
De fato, ao se posicionar dessa forma, o corretor assumiu o risco de perder parte da clientela, mas, por outro lado, tem recebido atenção e engajamento que podem resultar em maior visibilidade para seu nome e para sua imobiliária.
Como profissional de vendas, vale refletir sobre até que ponto é positivo atrelar uma decisão tão forte a questões políticas. Do ponto de vista prático, manter neutralidade costuma ampliar o leque de oportunidades.
Diego Maia reforça: “eu sempre recomendo não tocar em política, até porque quero ganhar dinheiro de todos. Mas a estratégia pode ser válida para chamar a atenção, como está fazendo agora” — esse pensamento, compartilhado por muitos empreendedores, reforça que a neutralidade abre portas, embora uma declaração de impacto possa gerar engajamento rápido.
A reação do mercado e das autoridades sobre o corretor de imóveis que não atende petistas
Creci-MS: O Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul informou que, em caso de denúncia, pode abrir processo ético-disciplinar, podendo aplicar desde advertência até suspensão ou cassação do registro profissional.
População local: Alguns moradores, especialmente aqueles ligados a partidos de esquerda, manifestaram publicamente repúdio à posição do corretor, classificando a atitude como discriminatória e desrespeitosa.
Possíveis impactos: O corretor afirma não temer perder vendas, pois acredita na força da direita no Mato Grosso do Sul e que “não são meia dúzia de gato-pingado que vão me prejudicar”. Porém, a ex-candidata a vereadora pelo PT no município, Paula Jackeline, diz estar orientando conhecidos a buscar outros profissionais.
Lições para quem atua em vendas
Posicionamento x Abrangência de público: Ao “segregar” quem você atende ou deixa de atender, é provável que surjam conflitos éticos e, principalmente, comerciais. Quem é seu público-alvo? Será que vale a pena excluir potenciais clientes por posicionamento político?
Liberdade de expressão com responsabilidade: Cada profissional tem liberdade para se posicionar, mas deve estar ciente de que escolhas extremas podem resultar em sanções legais e prejuízos de reputação.
Estratégia de marketing de alto risco: Chamar atenção pode ser bom, mas a linha entre a curiosidade positiva e a rejeição é muito tênue. A exposição excessiva pode afastar clientes, fornecedores e parceiros.
Cuidado com a polarização: O cenário político no Brasil segue dividido. Ignorar isso ou escolher um dos lados de maneira agressiva tende a gerar conflitos desnecessários na hora de fechar negócios.
Para quem vive de vendas, é essencial lembrar que o respeito ao cliente, independente de credo, cor, orientação sexual ou inclinação política, costuma ser a melhor política. É possível ter posicionamento pessoal e, ao mesmo tempo, conduzir negócios de forma profissional e ética.
Afinal, como bem pontuado por Diego Maia, toda decisão tem seus prós e contras — seus “ônus e bônus”. Cabe a cada vendedor ou empresário avaliar se está disposto a lidar com as consequências de suas declarações e até que ponto isso ajuda (ou atrapalha) o crescimento de seus negócios.
Escute o podcast do Diego Maia:
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