Reposicione seu argumento de valor em tempos de crise
- Comunicação CDPV - Esther Feola

- 25 de nov.
- 5 min de leitura
A desaceleração econômica desafia vendedores a abandonar a guerra de preços e reposicionar seu argumento de valor com inteligência e precisão.

Empresas que mantêm sua relevância em ciclos de desaceleração econômica não o fazem por sorte ou por oferecerem os menores preços. Elas sustentam sua posição porque sabem construir, sustentar e adaptar o argumento de valor diante das novas prioridades do cliente. O discurso de vendas, nesses momentos, precisa ser mais do que convincente — precisa ser absolutamente necessário.
Reposicionar o argumento de valor em tempos de crise exige que a liderança comercial reveja não apenas o que está sendo ofertado, mas a forma como essa oferta é comunicada e percebida.
É uma tarefa estratégica que pede inteligência de mercado, escuta ativa e forte conexão com as urgências que emergem quando o fluxo de caixa do cliente está sob pressão.
Quando o valor precisa ser redefinido
A crise econômica não apaga a necessidade de investir — ela altera a lógica de decisão. O que antes era atrativo, agora pode ser visto como supérfluo. Recursos que antes justificavam investimento com base em crescimento de longo prazo agora precisam provar retorno direto, preferencialmente imediato.
O vendedor que não capta essa mudança continua oferecendo com o mesmo entusiasmo aquilo que já não se sustenta como prioridade.
Redefinir o valor não é alterar a essência da solução, e sim identificar, dentro dela, os aspectos que respondem diretamente aos riscos percebidos pelo cliente. Isso significa rever o posicionamento com uma nova lente: a da contenção de perdas, da mitigação de ineficiências e da proteção do negócio.
Da promessa ao impacto: o valor precisa ser tangível
Em períodos de instabilidade, a confiança na compra não se baseia em cenários ideais, mas em evidências concretas. O discurso precisa migrar da promessa ao impacto. Vendedores que trabalham com hipóteses vagas perdem espaço para quem entrega clareza, dados e provas sociais. A tangibilidade do valor oferecido torna-se a maior ferramenta de diferenciação.
Relatos de sucesso com clientes similares, indicadores de eficiência comprovada e estimativas realistas de ROI (retorno sobre investimento) passam a ser insumos críticos do processo comercial. O cliente precisa ver, com clareza, como a solução reduz risco, elimina desperdícios ou mantém a operação em funcionamento sob novas restrições.
Escuta ativa como ferramenta de reposicionamento
Reposicionar um argumento de valor exige mais do que boas frases. Exige, primeiro, uma escuta qualificada. Antes de falar sobre o produto, é preciso compreender qual problema o cliente está tentando evitar. E isso só emerge quando o vendedor deixa de atuar como orador e passa a agir como consultor.
A escuta ativa permite identificar não apenas as dores mais explícitas, mas também os medos não verbalizados: perda de competitividade, incapacidade de honrar compromissos, obsolescência diante de novos players, pressão por rentabilidade. Quanto mais preciso for o diagnóstico, mais ajustado será o novo posicionamento do discurso.
Evitar a guerra de preços é proteger a marca
O reflexo mais comum diante da pressão do cliente é ceder em preço. No curto prazo, isso pode parecer uma forma de viabilizar a venda. Mas no médio e longo prazo, desvaloriza o produto, enfraquece a margem e mina a percepção de qualidade.
Empresas que resistem à guerra de preços em tempos de crise não o fazem por teimosia. Elas sabem que baixar preço não resolve o problema central do cliente. O que o cliente busca, na verdade, é segurança. E segurança não vem do desconto — vem da clareza de que está fazendo uma boa escolha. O vendedor que sabe construir essa clareza sustenta o valor da oferta mesmo sob pressão.
Argumento de valor sem abrir mão da margem
Reposicionar o discurso comercial sem comprometer a rentabilidade exige mais do que boa vontade — exige método, refinamento estratégico e domínio técnico sobre os pontos de maior impacto para o cliente. Em períodos de retração econômica, a margem torna-se ainda mais valiosa, e cada palavra dita em uma negociação precisa carregar propósito e direção.
Para sustentar o argumento de valor em meio à pressão por descontos, algumas ações práticas podem — e devem — ser adotadas com inteligência, elevando a percepção de benefício sem abrir mão da precificação saudável.
Refinamento de propostas comerciais: personalizar cada proposta com foco nos indicadores mais sensíveis para aquele cliente, demonstrando como a solução impacta diretamente os resultados mais relevantes para o momento atual da empresa.
Criação de pacotes modulares: oferecer versões da solução com escopo reduzido ou implementação faseada, que preservam a qualidade mas se adaptam à capacidade de investimento reduzida do cliente.
Mapeamento de ganhos não óbvios: muitos clientes não percebem de imediato todos os impactos positivos de uma solução. O vendedor estratégico revela ganhos secundários que, em momentos de crise, podem ser decisivos — como redução de churn, melhoria de produtividade, menor dependência de recursos externos, etc.
Educação consultiva: produzir conteúdos e argumentos que ajudem o cliente a entender melhor seu próprio problema. Em tempos de turbulência, quem educa com propriedade se torna referência e ganha poder de influência sobre decisões críticas.
Validação contínua com clientes atuais: conversas regulares com a base de clientes atesta, na prática, o que tem funcionado. Esses dados se transformam em novos argumentos, mais ancorados e confiáveis para serem replicados em ciclos comerciais ativos.
A voz do cliente como insumo estratégico
Vendedores experientes sabem que nenhum argumento de valor é construído isoladamente. As melhores narrativas comerciais são resultado direto da escuta ativa dos clientes e da observação de padrões de comportamento em contas já conquistadas. Em momentos de retração, essa inteligência é ainda mais valiosa.
A equipe de vendas precisa se tornar uma fonte sistemática de insights para a liderança. Quais objeções estão se tornando mais comuns? Quais gatilhos emocionais estão sendo ativados? Quais elementos da proposta estão sendo mais valorizados? Essa escuta organizada alimenta o reposicionamento da oferta com base em dados reais, e não em suposições.
Argumento de valor em tempos de crise
Reposicionar o argumento de valor em tempos de crise é um exercício de maturidade comercial. Não se trata de mudar o produto, nem de mascarar a realidade com frases feitas. Trata-se de compreender, com profundidade, o que o cliente valoriza quando está em modo de sobrevivência — e ajustar a comunicação da proposta para refletir isso com precisão, responsabilidade e foco no impacto.
Vendedores que dominam essa habilidade não disputam preço. Eles disputam relevância. E vencem, porque entregam clareza onde há confusão, segurança onde há medo, e propósito onde só havia dúvida.
É nesse nível que o discurso comercial deixa de ser uma tentativa de convencimento e passa a ser uma ponte concreta entre a dor do cliente e a solução que ele realmente precisa. Não por um custo menor — mas por um valor maior.
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Quem é Diego Maia
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